segunda-feira, junho 26, 2006

Os sabotadores e os “politicamente corretos”.

Quem fez da batalha na Opinião Pública – observação e análise dos fenômenos ocorridos na sociedade, orientando ações
com o fito de conduzi-la para o bem - a razão principal de sua vida, não pode deixar de ver que há muita gente “puxando para baixo”...muitas vezes intencionalmente ! As explicações aventadas para essa ação malfazeja são desenvoltamente rotuladas pelos espíritos “otimistas” (traidores, na verdade) que dominam os meios de comunicação social, com o epíteto de “teorias conspiratórias”... Com o que, astutamente, evitam que o foco da atenção do público por eles imbecilizado se volte para o plano que os parceiros estão executando. Assim vão eles, sabotadores e quintas-colunas, a soldo de misterioso, implacável inimigo, fazendo impunemente sua devastação na seara de suas estupidificadas vítimas... Deixando rarissimamente rastro de seus crimes...Daí a importância, quando descobertos, de sua ampla divulgação. É certo que serão contestados pelos quintas-colunas como sendo apenas “fatos isolados”...Mas é possível que, em algumas de suas vítimas, comece um salvífico despertar da letargia, levando à tomada de consciência da traição. Uma análise ainda que superficial de nossa história mais recente torna evidente a presença da traição, sabotagem, em várias derrocadas de situações econômicas (para só falar do palpável, mensurável) e sociais. De memória, cito o roubo das mudas de seringueira, que pôs fim à prosperidade da Amazônia. Como também a importação do inseto transmissor da praga do café (“para pesquisas”, que resultaram na proliferação do inseto e na sua libertação, “por descuido”...), com o que se arruinou a aristocracia paulista, a mais dinâmica do país. Mais recentemente, a ruína da cultura do algodão, causada pela virtual abolição do imposto sobre a importação, que caiu de 30 para 3% !.. Ela ocupava, no Paraná apenas, cerca de 300 000 agricultores, o que contribuiu para engrossar as fileiras do MST !.. Suspeito que os sucessivos surtos de febre aftosa também se devam, em parte pelo menos, à sabotagem. Pessoalmente, conheci quando adolescente um agrimensor da Petrobrás, irmão de um líder comunista que mantinha metralhadoras escondidas no poço da casa, para respaldar o governo Jango, no caso de rebelião dos conservadores. Pago regiamente pela estatal, trabalhava seis meses por ano (até com cigarros americanos de graça), desde que mantivesse o silêncio quando petróleo era encontrado pela prospecção...Apenas mais um exemplo, lido em “Serrote Preto” ( nome de serra nordestina), coletânea de fatos do nordeste dos tempos de Lampião: Foram encontrados, por tropas do exército que cercavam os cangaceiros perto de Monte Verde, um milhão de cartuchos de fusil, no carro de um dentista que tentava furar a barragem. A investigação chegou a nada menos que um coronel, secretário da segurança pública de Pernambuco...que evidentemente, não foi condenado. Explicação provável: a virtual guerrilha de Lampião (homem letrado...) era um fator de desestabilização da pacata sociedade tradicional do nordeste. Preparava o caminho para Francisco Julião. Traição, sabotagem, cumplicidades... Haveria muito mais a contar...


Revista Veja
Brasil

Terrorismo biológico
Petistas são acusados de disseminar a
praga que destruiu a lavoura de cacau
no sul da Bahia

Policarpo Junior

No dia 22 de maio de 1989, durante uma inspeção de rotina,
um grupo de técnicos descobriu o primeiro foco de uma
infecção devastadora conhecida como vassoura-de-bruxa
numa plantação de cacau no sul da Bahia.
A praga é mortal para os cacaueiros. Os técnicos, porém,
se tranqüilizaram com a suposição de que se tratava apenas
de um foco isolado. Engano. Em menos de três anos, de
forma espantosamente veloz e estranhamente linear,
a vassoura-de-bruxa destruiu as lavouras de cacau na
região – e fez surgir um punhado de explicações para o
fenômeno, inclusive a de que o Brasil poderia ter sido
vítima de uma sabotagem agrícola por parte de países
produtores de cacau da África, como Costa do Marfim e Gana.
Reforçando, então, as suspeitas de sabotagem, técnicos
encontraram ramos infectados com vassoura-de-bruxa
amarrados em pés de cacau – algo que só poderia acontecer
pela mão do homem, e nunca por ação da própria natureza.
A Polícia Federal investigou a hipótese de sabotagem, mas,
pouco depois, encerrou o trabalho sem chegar a uma conclusão.
Agora, dezessete anos depois, surge a primeira testemunha
ocular do caso.
Ele conta que houve, sim, sabotagem, só que realizada por
brasileiros.

Em quatro entrevistas a VEJA, o técnico em administração
Luiz Henrique Franco Timóteo, baiano, 54 anos, contou
detalhes de como ele próprio, então ardoroso militante
esquerdista do PDT, se juntou a outros cinco militantes
do PT para conceber e executar a sabotagem.
O grupo, que já atuava em greves e protestos organizados
na década de 80 em Itabuna, a principal cidade da região
cacaueira da Bahia, pretendia aplicar um golpe mortal nos barões do cacau, cujo vasto poder econômico se desdobrava numa incontrastável influência política na região.
O grupo entendeu que a melhor forma de minar o domínio
político da elite local seria por meio de um ataque à base de
seu poder econômico – as fazendas de cacau.
"O imperialismo dos coronéis era muito grande. Só se
candidatava a vereador e prefeito quem eles queriam",
diz Franco Timóteo. A idéia, diz ele, partiu de Geraldo
Simões, figura de proa no PT em Itabuna que trabalhava
como técnico da Ceplac, órgão do Ministério da Agricultura
que cuida do cacau. Os outros quatro membros do grupo –
Everaldo Anunciação, Wellington Duarte, Eliezer Correia e
Jonas Nascimento – tinham perfil idêntico: eram todos
membros do PT e todos trabalhavam na Ceplac. Franco Timóteo conta que, bem ao estilo festivo da esquerda, primeira reunião em que o assunto foi discutido aconteceu num bar em Itabuna– o Caçuá, que não existe mais.
Jonas Nascimento explicou que a idéia era atingir o poder
econômico dos barões do cacau.
Geraldo Simões sugeriu que a vassoura-de-bruxa fosse
trazida do Norte do país, onde a praga era – e ainda é –
endêmica. Franco Timóteo, que já morara no Pará em
1976, foi escolhido para transportar os ramos infectados.
"Então eu disse: 'Olha, eu conheço, sei como pegar a praga, mas tem um controle grande nas
divisas dos estados'." Era fim de 1987, início de 1988. Apesar
do risco de ser descoberto no caminho, Franco Timóteo foi
escalado para fazer uma primeira viagem até Porto Velho,
em Rondônia.
Foi de ônibus, a partir de Ilhéus. "Em Rondônia, qualquer
fazenda tem vassoura-de-bruxa. Nessa primeira viagem, peguei uns quarenta, cinqüenta ramos. Coloquei num saco
plástico e botei no bagageiro do ônibus.
Se alguém pegasse, eu abandonava tudo.
" Nos quatro anos seguintes, repetiria a viagem sete ou oito
vezes, com intervalos de quatro a seis meses entre uma e outra.
"Mas nas outras viagens trouxe os ramos infectados num
saco de arroz umedecido. Era melhor. Nunca me pegaram." Franco Timóteo conta que, quando voltava para Itabuna,
entregava o material ao pessoal encarregado de distribuir a
praga pelas plantações. A primeira fazenda escolhida para
a operação criminosa chamava-se Conjunto Santana, ficava
em Uruçuca e pertencia a Francisco Lima Filho, então
presidente local da União Democrática Ruralista (UDR) e
partidário da candidatura presidencial de Ronaldo Caiado.
Membro de uma tradicional família cacaueira, Chico Lima,
como é conhecido, tinha o perfil ideal para os sabotadores:
era grande produtor e adversário político.
"Chico Lima era questão de honra para nós", diz Franco
Timóteo. Foi justamente na fazenda de Chico Lima que foi
encontrado o primeiro foco de vassoura-de-bruxa, em 22 de maio de 1989 – e a imagem dos técnicos, no exato momento
em que detectam a praga, ficou registrada numa fita de
vídeo à qual VEJA teve acesso.
Como medida profilática os técnicos decidiram incinerar
todos os pés de cacau da fazenda. Chico Lima ficou
arruinado. Hoje, arrenda as terras que lhe restam e vive
dos lucros de uma distribuidora de bebidas. Informado por
VEJA da confissão de Franco Timóteo, ele lembrou que
sempre se falou de sabotagem –mas de estrangeiros – e
mostrou-se chocado. "Isso é um crime muito grande,rapaz.
Os responsáveis têm de pagar", disse. Os ataques às fazendas, todas situadas ao longo da BR-101, aconteciam sempre nos fins de semana, quando diminui onúmero de funcionários.
O grupo tinha o cuidado de usar um carro com logotipo da Ceplac para criar um álibi: se eles fossem descobertos por alguém, diriam que
estavam fazendo um trabalho de campo.
"A gente chegava, entrava, amarrava o ramo infectado no pé de cacau e ia embora.
O vento se encarregava do resto", conta Franco Timóteo.
Para dar mais verossimilhança a uma suposta disseminação
natural da vassoura-de-bruxa, o grupo tentou infectar pés
de cacau numa lavoura mantida pela própria Ceplac.
Não deu certo, devido à presença de um vigia, e o grupo
acabou esquecendo, no atropelo da fuga, umsaco com ramos
infectados sobre a mesa do escritório da Ceplac.
A operação criminosa, por eles apelidada de "Cruzeiro do Sul",
desenrolou-se por menos de quatro anos – de 1989 a 1992.
"No início de 1992, parou. Geraldo Simões disse que a praga
estava se propagando de forma assustadora.
Não precisava mais."


Os sabotadores nunca foram pegos, mas deixaram muitas
pistas. "Encontramos provas de que houve sabotagem em
várias fazendas", conta Carlos Viana, que trabalhava como
diretor da Ceplac quando a praga começou a se disseminar.
Ele se lembra do saco plástico esquecido sobre a mesa do escritório da Ceplac numa das lavouras – e isso o levou,
inclusive, a acionar a Polícia Federal para investigar a
hipótese de sabotagem.
"Uma coisa eu posso garantir: os focos não foram acidentais",
diz Viana, que deixou o órgão e tem hoje uma indústria de
óleo vegetal. Um relatório técnico e oficial, elaborado pela
Ceplac logo no início das investigações, chegou a considerar
a hipótese de que produtores do Norte do país teriam levado a vassoura-de-bruxa para as plantações da Bahia
– mas movidos por "curiosidade ou ignorância".
O relatório afirma que a chegada à Bahia da Crinipellis
perniciosa, nome científico do fungo causador da vassoura
de bruxa, "não pode ser atribuída a agentes naturais de disseminação".
VEJA consultou Lucília Marcelino, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Brasília, para saber
se a história contada por Franco Timóteo seria viável. "Sob
o ponto de vista técnico,sim", diz ela. A sabotagem produziu um desastre econômico. Derrubou a produção nacional para menos da metade,
desempregou cerca de 200.000 trabalhadores e fez com que o Brasil,
então o segundo maior produtor mundial de cacau, virasse
importador da fruta.
Um estudo da Universidade Estadual de Campinas, elaborado em 2002, estima que a devastação do cacau na Bahia provocou, nos últimos
quinze anos, um prejuízo que pode chegar à astronômica cifra de
10 bilhões de dólares.
Mas, na mesquinharia política dos sabotadores, o plano foi um sucesso.
Em 1992, no primeiro pleito depois da devastação, Geraldo Simões elegeu-se prefeito de Itabuna pelo PT – e presenteou os quatrocompanheiros de sabotagem com cargos em sua gestão.
Everaldo Anunciação foi nomeado secretário da Agricultura
– cargo que deixaria dois anos depois,sendo substituído por
Jonas Nascimento, o outro petista sabotador. Wellington Duarte, também membro do grupo da sabotagem, ficou como chefe-de-gabinete do prefeito.
E Eliezer Correia ganhou o cargo de secretário de Administração e Finanças.
Como não pertencia ao PT, Franco Timóteo não ganhou
cargo algum na prefeitura.
Em 1994, com o recrudescimento de suspeitas de que a
vassoura-de-bruxa fora uma sabotagem, ele resolveu deixar
Itabuna e mudar-se para Rondônia. O prefeito lhe deu um
cheque de 250.000 cruzeiros reais (o equivalente a 800 reais
hoje) para ajudar nas despesas da viagem – paga, para
variar, com dinheiro público.
A operação consta da contabilidade da prefeitura, em que
está registrada sob o número 2 467, e informa que o
beneficiário era mesmo Franco Timóteo, mas,
providencialmente, não há processo descrevendo o motivo
do pagamento. "É estranho. Se havia algum processo, sumiu",
diz o atual prefeito, Fernando Gomes, do PFL. Nos últimos anos, Franco Timóteo tem sido assaltado pelo
remorso do crime que cometeu. Um dos atingidos era seu parente.
Silvano Franco Pinheiro, seu primo, tinha uma empresa de
exportação de semente de cacau que chegou a faturar
30 milhões de dólares por ano. "Perdi tudo", contaPinheiro,
que, há seis anos, ouviu a confissão de Franco Timóteo.
"Falei para ele sumir da cidade porque seria morto", conta
o primo. Para expiar sua culpa, Franco Timóteo também fez
sua confissão para outro fazendeiro, Ozéas Gomes, que
chegou a produzir 80.000 arrobas de cacau e empregar
1.400 funcionários – e hoje mantém ainda um padrão
confortável de vida, mas emprega apenas 100 funcionários,
A produção caiu para 15.000 arrobas.
"Quando ouvi a história, fiquei com muita raiva.
Mas, depois, ele explicou que não tinha idéia da dimensão
do que fazia..."
No fim do ano passado, Franco Timóteo confessou-se ao
senador César Borges, do PFL baiano e plantador de cacau.
"A história dele tem muitos pontos de veracidade diante do que a gente sempre suspeitou ter acontecido",
diz o senador. O governador Paulo Souto também ouviu uma confissão de
Franco Timóteo.
O senador e o governador,porém, decidiram ficar em silêncio,
segundo eles para evitar a acusação de exploração política.Os acusados desmentem categoricamente qualquer
envolvimento na sabotagem e dizem até que nem sequer
conhecem Franco Timóteo. "Nunca vi esse louco", diz
Geraldo Simões, que, no governo Lula, ganhou a presidência
da Companhia das Docas da Bahia, da qual se afastou agora
para concorrer a deputado federal pelo PT.
"Essa história toda é fantasiosa", diz Eliezer Correia, que
continua cuidando de cacau e hoje é chefe de planejamento
da Ceplac, em Itabuna. "É um absurdo", diz Wellington
Duarte, que, no atual governo, foi promovido a um dos
chefões da Ceplac em Brasília.
Everaldo Anunciação, que foi nomeado para o cargo de
vice-diretor da Ceplac, diz que não liga o nome à pessoa.
Jonas Nascimento – demitido a bem do serviço público na década de 90, voltou numa função comissionada, em 2003, no Centro de Extensão
da Ceplac em Itabuna – é o único que admite conhecer FrancoTimóteo, mas nega a história. Talvez seja o único a contar um pedaço da verdade.
Ouvido por VEJA, o publicitário Ithamar Reis Duarte,
ex-secretário de Meio Ambiente na gestão do petista
Geraldo Simões, conta que essa turma toda – Franco Timóteo
e os petistas – é de velhos conhecidos.
"Era um grupo que se reunia sempre para planejar ações",
diz ele, que participou de alguns encontros. "Fazíamos
reuniões até no meu escritório. Se alguém negar isso, estará mentindo."

Conclusão: Em teorias conspiratórias eu não creio...eu vejo a conspiração, depois de ter lido "Revolução e Contra-revolução"de
Plínio Corrêa de Oliveira...


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