segunda-feira, março 17, 2008




VIA SACRA

I Estação


Jesus é condenado à morte

V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi.

R. Quia per sanctam Crucem tuam redemísti mundum.



Conspiraram contra Vós, Senhor, os vossos inimigos.
Sem grande esforço, amotinaram o populacho ingrato,
que agora ferve de ódio contra Vós. O ódio.
É o que de toda parte Vos circunda, Vos envolve como uma nuvem densa,
se atira contra Vós como um escuro e frio vendaval.
Ódio gratuito, ódio furioso, ódio implacável:
ele não se sacia em Vos humilhar,
em Vos saturar de opróbrios, em Vos encher de amargura;
vossos inimigos Vos odeiam tanto, que já não suportam
vossa presença entre os viventes, e querem a vossa morte.
Querem que desapareçais para sempre, que emudeça
a linguagem de vossos exemplos e a sabedoria de vossos ensinamentos.
Querem-Vos morto, aniquilado, destruído.
Só assim terão aplacado o turbilhão de ódio que em seus corações se levanta.


Séculos mesmo antes que nascêsseis, já o Profeta previa esse ódio
que suscitaria a luz das verdades que anunciaríeis,
o brilho divino das virtudes que teríeis:
"Meu povo, que te fiz Eu, em que porventura te contristei?" (Miq. VI, 3).
E interpretando vossos sentimentos a Sagrada Liturgia
exclama aos infiéis de então e de hoje:
"Que mais devia Eu ter feito por ti, e não fiz?
Eu te plantei como vinha escolhida e preciosa:
e tu te converteste em excessiva amargura para Mim;
vinagre Me deste a beber em minha sede,
e transpassaste com uma lança o lado de teu Salvador" (Improperia).


* * *
Tão forte foi o ódio que contra Vós se levantou,
que a própria autoridade de Roma, que julgava o mundo inteiro,
abateu-se acovardada, recuou e cedeu ante o ódio
dos que sem causa alguma Vos queriam matar.
A altivez romana, vitoriosa no Reno, no Danúbio, no Nilo
e no Mediterrâneo, afogou-se na bacia de Pilatos.

"Christianus alter Christus", o cristão é um outro Cristo.
Se formos realmente cristãos, isto é, realmente católicos,
seremos outros Cristos.
E, inevitavelmente, o turbilhão de ódio que contra Vós se levantou,
também contra nós há de soprar furiosamente.
E ele sopra, Senhor! Compadecei-Vos, ó meu Deus,
e dai forças ao pobre menino de colégio, que sofre o ódio
de seus companheiros porque professa Vosso nome e se recusa
a profanar a inocência de seus lábios com palavras de impureza.
O ódio, sim. Talvez não o ódio sob a forma de uma invectiva desabrida e feroz,
mas sob a forma terrível do escárnio, do isolamento, do desprezo.
Dai forças, ó meu Deus, ao estudante que vacila em proclamar vosso nome
em plena aula à vista de um professor ímpio e
de uma turma de colegas que moteja.
Dai forças, ó meu Deus, à moça que deve proclamar Vosso nome,
recusando-se a vestir os trajes que a moda impõe,
desde que por sua extravagância ou imoralidade
destoem da dignidade de uma verdadeira católica.
Dai forças, ó meu Deus, ao intelectual que vê fecharem-se diante de si
as portas da notoriedade e da glória, porque prega a Vossa doutrina
e professa o Vosso nome.
Dai forças, ó meu Deus, ao apóstolo que sofre a investida inclemente
dos adversários de vossa Igreja, e a hostilidade mil vezes mais penosa
de muitos que são filhos da luz, só porque não consente nas diluições,
nas mutilações, nas unilateralidades com que os "prudentes" compram
a tolerância do mundo para seu apostolado.
Ah, meu Deus, como são sábios vossos inimigos!
Eles sentem que na linguagem desses "prudentes", o que se diz
nas entrelinhas é que Vós não odiais o mal, nem o erro, nem as trevas.
E então aplaudem os prudentes, segundo a carne, como Vos aplaudiriam
em Jerusalém, em lugar de Vos matar, se tivésseis dirigido aos do Sinédrio a mesma linguagem.
Senhor, dai-nos forças: não queremos nem pactuar, nem recuar,
nem transigir, nem diluir, nem permitir que se desbotem em nossos lábios
a divina integridade de vossa doutrina.
E se um dilúvio de impopularidade sobre nós desabar, seja sempre
nossa oração a da Sagrada Escritura: "Preferi ser abjeto na casa de meu Deus,
a morar na intimidade dos pecadores" (Sl. LXXXIII, 11).

Pater Noster. Ave Maria. Gloria Patri.

V. Miserére nostri Dómine.
R. Miserére nostri.

V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace.

R. Amen.









II Estação

Jesus aceita a Cruz da mão dos carrascos

V. Adorámus te Christe et benedícimus tibi.

R. Quia per sanctam Crucem tuam redemísti mundum.



Mas para isto, Senhor, é preciso
paciência é, pois, a capacidade de sofrer para o bem.
Precisa de paciência o doente que, esmagado
por um mal incurável, aceita resignado a dor que ele lhe impõe.
Precisa de paciência aquele que se debruça sobre as dores alheias,
para as consolar como Vós consolastes, Senhor, os que Vos procuravam.
Precisa de paciência quem se dedica ao apostolado
com invencível caridade, atraindo amorosamente a Vós as almas
que vacilam nas sendas da heresia ou no lodaçal da concupiscência.
Precisa também de paciência o cruzado que toma a cruz,
e vai lutar contra os inimigos da Santa Igreja.
É um sofrimento tomar a iniciativa da luta, formar e manter de pé
dentro de si sentimentos de pugnacidade, de energia, de combatividade,
vencer o indiferentismo, a mediocridade, a preguiça, e atirar-se
como um digno discípulo daquEle que é o Leão de Judá,
sobre o ímpio insolente que ameaça o redil de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Oh sublime paciência dos que lutam, combatem, tomam a iniciativa,
entram, falam, proclamam, aconselham, admoestam, e desafiam por si sós
toda a soberba, toda a empáfia, toda a arrogância do vício insolente,
do defeito elegante, do erro simpático e popular!
Vós fostes, Senhor, um modelo de paciência.
Vossa paciência não consistiu, entretanto, em morrer
esmagado debaixo da Cruz quando Vo-la deram.
Conta uma piedosa revelação que quando recebestes
das mãos dos verdugos a vossa Cruz, Vós a beijastes amorosamente e,
tomando-a sobre os ombros, com invencível energia
a levastes até o alto do Gólgota.
Dai-nos, Senhor, essa capacidade de sofrer.
De sofrer muito. De sofrer tudo. De sofrer heroicamente,
não apenas suportando o sofrimento, mas indo ao encontro dele,
procurando-o, e carregando-o até o dia em que tenhamos
a coroa da vitória eterna.


V. Miserére nostri Dómine. R. Miserére nostri.

V. Fidélium ánimae per misericordiam Dei requiéscant in pace.


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